quarta-feira, 11 de julho de 2012

Onestaldo de Pennafort, o poeta medieval.


 A POESIA MEDIEVAL NO BRASIL.
Onestaldo de Pennafort

ROMANCE DAS TRÊS IRMÃS OU MIRAMAR

                        C’erano tre zitellee tutti tre d’amore.



Nós éramos três irmãs
num castelo ao pé do mar.
A primeira era Marfida,
a segunda Guiomar.
A terceira por desgraça
Miramar se foi chamar.
Mira, mira, que remira,
Passa os dias a mirar
As ondas que vão e vem
Nas àguas verdes do mar.
Nós éramos três irmãs,
todas as três por casar..
A primeira tinha um colo
Para um punhal se cravar.
A segunda tinha uns braços,
Oh! quem m’os dera a abraçar!
A mais formosa de todas
Tinha os olhos cor do mar.
Logo por desgraça dela
Miramar se foi chamar.
Nós éramos três irmãs
Num castelo ao pé do mar,
Cavaleiros que passavam
No seu lindo galopar.
Cavaleiros que passavam,
Marfida que ia a espiar.
Tanto espiou, que algum dia
Um deles que ia a apear.
Tão bem que a mão lh’a pedia,
que ela a não soube negar.
Montou logo na garupa,
puseram-se a galopar.
Passava mais de ano e dia
que tinham ido a casar,
Ao derredor do castelo
se escuta um belo cantar.
O trovador que trovava,
Guiomar que ia a escutar.
A voz que entrava no ouvido,
A saia de lhe apertar.
Tão cheinha que ela estava
Das trovas de aquel trovar!
Chamam dois xastres, a saia
não n’a podem consertar.
Só um frade é que o podia,
Que o remédio era casar.
Chamam um frade, ali mesmo
Muito bem que os vai juntar.
Miramar, a mal fadada,
estava mirando o mar.
Passam dias, passam noites,
passam anos de contar,
Miramar, a malfadada,
estava mirando o mar!
Passam dias, passam noites,
Passam anos de contar,
Miramar, a malfadada,
Estava mirando o mar!
Arde o castelo com o fogo
Que o demo foi a atear.
Miramar, a malfadada,
estava mirando o mar!

Transcrito de página atribuída à publicação na revista Cigarra, sem data.


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