domingo, 2 de junho de 2013

MORRE JOÃO COTA, CONTADOR DE HISTÓRIAS NISIAFLORESTENSE

Por Redação, do Nísia Digital.
Luto de mt dor pra mimFaleceu por volta das 10h deste domingo (2) o Sr. João Cota, contador de história de Nísia Floresta. Ele sofreu um infarto no final da tarde de ontem, foi socorrido e levado para o hospital Deoclécio Marques, na cidade de Parnamirim. Aos 95 anos de idade, João não resistiu e a sua família informou a sua morte na manhã de hoje. O corpo será velado no centro de velórios, localizado no Centro da cidade, e o sepultamento está marcado para às 8h, de amanhã, no cemitério municipal.
A professora Rejane de Souza enviou ao Nísia Digital um texto de autoria de Fernando Alves Pereira, Graduado em Educação Física, Letras e Direio/Especialista em Direito Processual Civil, Mestre e Doutor em Estudos da Linguagem (Literatura comparada), que é intitulado “João Coto – Caboclo forte das bandas de Papary. Confira a seguir:
João Cota, um caboclo forte
Das bandas de Papari
Que nasceu iluminado
Pela estrela de Davi
Trabalhou desde menino
Sem nunca enjeitar dureza,
Cresceu aprendendo a ler
No livro da Natureza
A escola era o roçado
Seu pai foi o professor
A caneta era a enxada
Muito cedo se formou
Nas veredas dessas brenhas
Pela vida madrugou
Topou com almas penadas
Mas nunca se amedrontou
Enfrentou o “Batatão”
Como seu pai lhe ensinou
Amostrou-lhe a chama acesa
E o bicho desencantou
Viu “Mãe d’água” ao meio dia
“Bebê chorão” meia noite
Viu também cabra safado
Querendo lhe dar açoite
Mas desaforo pra casa
João Cota nunca levou
Na ponta de sua faca
Até alma se borrou:
Uma noite ele passava
Na frente dum cemitério
Uma alma disfarçada
Veio lhe dizer impropério
Sacou de sua peixeira
Em menos de um segundo:
- Maldita, repita o dito
Pr’eu te mandar pro profundo!-
A alma tremeu de medo
Vendo tal disposição
Gritou aflita: – meu Deus!
Não me mate não, João! -
- Então se diz quem tú és!
E o que diabo quer de mim!
Porque se não mato mesmo!
Porque comigo é assim!-
A alma disse:
- eu não sou alma não João
Só queria dar-te um susto
Mas vi que és macho mesmo
Caboclo forte e robusto.-
Nos folguedos populares
João Cota se divertiu
Foi Gajeiro e foi Mateus
Do folclore do Brasil
Namorou tantas pastoras
Que chega a se rir quando diz
Mas foi com dona Geralda
Que João Cota foi feliz
Amor à primeira vista
Pra nunca mais se acabar
Bebeu água sem ter sede
Mode um beijo lhe roubar
Com seu Pai João aprendeu
O valor de trabalhar
Com sua mãe aprendeu
Como é que se deve amar
Com Geralda ele é feliz
Pra’s estórias nos contar
E felizes serão pra sempre
Enquanto a vida durar
Vejam só como é certeira!
A volta que o mundo dá
Pois na roda desta vida
João foi pra lá veio pra cá
Enjeitado na Escola
Amargou intensas dores
E hoje aqui nesta roda
Dá aula a professores.

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