segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte | Assessoria de Imprensa

Projeto de Lei visa instituir Comenda Poética Renato Caldas

Crédito da foto: Assessoria de Comunicação
 
Como forma de reconhecimento às pessoas que produzem poemas nos mais variados estilos no Rio Grande do Norte e buscando o incentivo à produção e a valorização dessa cultura tão representativa em solo potiguar, o deputado George Soares (PR) protocolou na Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, na penúltima sessão ordinária deste ano, Projeto de Lei que institui a Comenda Poética Renato Caldas.

“É importante destacar que a Comenda Poética Renato Caldas se destina à produção literária exclusivamente na modalidade poética, de modo que todas as demais vertentes literárias e, mais ainda, todas as demais formas de produção cultural não serão contempladas com esse distintivo. A comenda não prejudicará em qualquer hipótese a concessão da Medalha Cultural Câmara Cascudo, que continuará a ser concedida normalmente, segundo seus próprios critérios”, justifica o parlamentar.

O patrono da Comenda, Renato Caldas, nasceu em Assu no dia 8 de outubro de 1902, filho do casal Enéas da Silva Caldas e Neófita de Oliveira Caldas. Poeta consagrado projetou-se no cenário cultural e rompeu fronteiras, adotando para os seus versos, com naturalidade, o gênero matuto, estilo que lhe rendeu glórias e proporcionou respeito no meio literário, levando o nome da sua terra natal aos mais apartados rincões do País.

“Renato Caldas foi o poeta de Fulô do Mato (sete edições), Poesias, Meu Rio Grande do Norte e Pé de Escada, este último em parceria com João Marcolino de Vasconcelos”, destaca o deputado propositor.

A Comenda será entregue anualmente, a no máximo seis poetas, com relevante atuação em qualquer um dos gêneros de criação poética. Pela proposta a comenda será entregue em sessão solene da Assembleia Legislativa no dia 14 de março, - Dia da Poesia -, ou em data útil subsequente.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

E HAVIA UMA DESPEDIDA NAQUELE FIM DE TARDE
 “Segura na mão de Deus e vai
Por Eduardo Gosson (*)

Naquele final da  tarde  fui buscar minha neta Rebeca  na casa de sua mãe, na Natal velha. Do quintal avista-se o rio Potengi onde o poeta Lourival Açucena nos primeiros trinta anos do século XX banhava-se em suas águas. Naquele tempo o rio não era poluído.
Lá chegando encontrei-me com o filho Thiago que vive o drama da dependência química. E pude observar em cada gesto uma despedida: ela louca pelo pai, a figura masculina; ele louco por ela mas incapaz de vencer o vício. Ele louco para fazer a viagem final para poder se juntar ao irmão Fausto. A vida aqui sem   o seu irmão não tem mais nenhum sentido. Um dia este velho bardo contará a mais bela história entre irmãos, síntese da IGUALDADE, da LIBERDADE e   da FRATERNIDADE. Tudo destruído pela droga.
Enquanto  trocavam olhares, a tarde escurecia sob um calor infernal e a noite  antecipava as trevas.

(*) Eduardo Gosson é Poeta e Escritor. Presidirá a UBE-RN para o biênio (2016-2017)

terça-feira, 24 de novembro de 2015



Marcius Cortez  [ escritor ]

A exposição sobre Luís da Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa me remeteu a bela aventurança das moças bonitas que vivem no fundo do rio. Os alunos das escolas públicas da cidade de São Paulo em contato com a mostra parecem sob o efeito mágico das sedutoras Iaras. A garotada faz um sarceiro gostoso, para usar uma expressão do Mestre Cascudo, quando diante das fotos e dos textos sobre a obra e a vida do etnógrafo potiguar. Em seguida, após dançar com as lindas e coloridas bailarinas, mergulham no silêncio “plugados” nos fones de ouvido onde se abastecem de informações sobre a história dos nossos doces e da nossa gostosa comidinha. Logo ao lado, uma surpresa espera por eles, a tenda, em forma circular, confeccionada com um pano branco dependurado do teto ao chão e que não tem nada no seu interior, pois a ideia é que aquele espaço sirva para um momento de reflexão porque, atenção, atenção, o que vem na sequência, é um corredor inteiro onde foi instalado o espelho d’água que reflete a nossa alma. Sim, é naquele corredor que “asucede” o encontro do povo brasileiro com as histórias que ele próprio criou: Saci Pererê, a Mula Sem Cabeça, o Lobisomem, o Boto, a Iara.   

A Mula Sem Cabeça só falta cavalgar, o Saci é do tamanho de uma criança já o Lobisomem é meio baixinho porque conforme reza o folclore é melhor não se meter com baixinho. Numa palavra, a cenografia nos convence. A empolgação do público atinge um alto grau de veemência. Leio no painel luminoso a advertência de que aquele que se entregar aos cantos da Iara irá gozar com ela de uma eterna bem aventurança no fundo d’água onde a moça tem seu palácio e a vida é um folguedo sem termo. Pronto, tá tudo explicado. Diabo de vida difícil leva o pobre brasileiro e aí quando lhe aparece um pedaço de mau caminho, cê acha que ele vai resistir ao ardente desejo de se unir a bela Iara? 

      A vida é para ser vivida, o samba é para ser dançado, a rapsódia é para ser fabulada. Astutos intérpretes do povo, o natalense Cascudo e o paulista Mário de Andrade já conheciam o jogo de cintura da gente brasileira desde 1929 quando se encontraram em Natal e em Goianinha, na fazenda “Bom Jardim” dos meus estimados amigos de infância, Babá e Alfredinho. Leituras intermináveis dos livros do etnógrafo alemão Koch-Grunberg, pesquisas de campo, levantamento de dados, muita teoria e muita antena ligada 24 horas por dia. Hoje oitenta e seis anos depois, ambos se reúnem outra vez na Estação da Luz, outra vez São Paulo e Natal. Faço uma pausa, vou até a janela olhar o Jardim da Luz e misteriosamente escuto o apito da Maria Fumaça quando vejo Macunaíma, atrás de uma árvore, ele dá risada e nos acena dizendo que tudo isso que está aí é passageiro e que o resto são lotações.

Dedico esse crônica a meu tataravô João Tibúrcio que ensinou Latim ao Cascudinho, como o chamava Mário de Andrade.  (marciuscortez@hotmail.com)            

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Caros amigos da cultura do RN,



AZYMUTH  acaba de publicar mais um título. Trata-se do livro "Retalhos do Meu Sertão" do autorJosé Fernandes Bezerra (1905-1980), publicado originalmente em 1979. 

Uma obra célebre, há muitos anos esgotada. Consta os principais vaqueiros e fazendeiros norte-rio-grandenses, com suas biografias, como Pedro Pereira de Araújo, Rainel Pereira e outros. Além de biografias dos mais famosos cantadores do Rio Grande do Norte, dentre os quais, Fabião das Queimadas. 

Essa edição é comemorativa dos 105 anos de nascimento do autor. Traz a introdução do pesquisadorKydelmir Dantas. Além do prefácio original de Waldson Pinheiro.

Valor do livro: R$ 45,00. Parte das vendas ajudará o Hospital Infantil Varela Santiago. Lançamento em breve.

Locais de Venda: 

Azymuth


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Grato.

AZYMUTH


domingo, 22 de novembro de 2015

O Carnaval no Rio Grande do Norte

(Gumercindo Saraiva)

Efetivamente, os poetas Lourival Açucena e Ferreira Itajubá escreveram letras para os blocos de sua época, mas todas se perderam porque não havia meio de divulgação. De 1920 a 1930, Olímpio Batista Filho, João Estevam, Evaristo de Souza, Cirineu de Vasconcelos, Otoniel Menezes, Fábio Zambroti, Chico Bulhões, Josué Tabira, Jayme dos G. Wanderley, Palmira Wanderley, Clarice Palma e Carolina Wanderleyescreveram poemas, musicados por compositores norte-rio-grandenses. Cada bloco tinha sua música, como hino oficial, mas pouco era divulgada, uma vez que o folião somente cantava os sucesso aparecendo nas vitrolas e interpretadas por cantores cariocas, como diziam.

No sul, o ritmo era a Polca, o Maxixe, e o Chote. O Maxixe, já nasceu dança urbana, e o Carnaval ganhava assim sua coreografia. Isso a partir de 1845, segundo o musicólogo Mario de Andrade. Há precisamente um século em 1877 as danças nos bailes sociais eclodiram com Polcas, Chotes. Quadrilhas e outros ritmos importados da Europa. O Carnaval era dançado com músicas dessa espécie até que, em 1890 Chiquinha Gonzaga, compôs “”Oh abre alas” constituindo a primeira marcha para o Carnaval, isto é, escrita apenas para um bloco-cordão denominado “Rosa de Ouro”. Depois de popularizada pelo Cordão, os outros blocos começaram a cantá-la e nunca mais pararam.

Em 1910 vieram as músicas escritas especialmente para o Carnaval. Mas o povo cantava tudo o que sabia, no delírio do éter. A embriaguez, a bebedeira desenfreada e a liberdade excessiva nos foliões, fizeram com que letras pornográficas fossem introduzidas no Carnaval. A canção popular brasileira estava formada, aproveitando temas policiais e fatos relacionados com a vida social do nosso povo. Aí chegaram as críticas julgando pessoas de relevo e autoridades, como os próprios Presidentes da República, vindo em forma de paródias. Vejamos algumas composições chistosas, humoristas e graciosas, aliás, cantadas também nos carnavais natalense:

Papagaio louro
Do bico dourado
Tu falavas tanto
E hoje estás calado!

Fazendo alusão ao grande Ruy Barbosa, quando a Aguia de Haya deixou de falar em determinada época, pretendendo alcançar à Presidência da República. O estadista Wenceslau Braz, recebeu uma Embolada muito cantada em sua campanha política. Sinhô, autor de vários sucessos carnavalescos, escreveu, envolvendo a figura de J.J. Seabra:

Macaco velho
Não mete a mão em combuca
Por causa disso
Tem muita gente maluca

Numa crônica escrita pelo jornalista João Ricardo (Revista FROU-FROU, de fevereiro de 1925), transcrevemos este trecho:
- De todas as críticas, porém, foi o Sr. Hermes da Fonseca o que mais sofreu os ataques e as alusões ferinas, sempre e nem sempre justas, da musica popular carioca. Ridicularisando por sua vez, a nossa política, a propósito das campanhas que ela move de tempo em tempo, à jogatina, os poetas carnavalescos compuseram, de uma feita esta sextilha que é uma obra-prima de bom-humor sadio.

O chefe de polícia
Pelo telefone,
Mandou-me “avisá”
Lá na Carioca
Tem uma roleta
Para n[os “brincá”

Querem agora um modelo de canção educativa? Ei-lo aqui:

Fala, meu louro
Emissário do diabo
Deixa a vida alheia
Macaco olha teu rabo...”

A sextilha que o Sr. João Ricardo citou, foi a origem do primeiro samba carnavalesco “PELO TELEFONE”, que ainda hoje se discute sua autoria, não obstante, ter Donga, em 1917 registrado na Escola de Música, como sendo, sua com letra do jornalista Mauro de Almeida.

POLÍTICOS POTIGUARES ENVOLVIDOS EM MÚSICAS CARNAVALESCAS [Clique para continuar leitura no Jornal Zona Sul]


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Postado por AssessoRN - Jornalista Bosco Araújo no AssessoRN.com em 11/21/2015 02:51:00 PM

domingo, 15 de novembro de 2015

AGORA NÃO!

"A poesia é a emoção expressa em
 ritmo através do pensamento.
                       (Fernando Pessoa)

...AGORA NÃO!

Um anjo de Deus veio e disse assim:
O céu existe e você vai para lá...
Por isso meu irmão eu vim lhe buscar
Se quer morrer agora, diga que sim.

Pois lá no céu tudo é bom; nada é ruim.
Lá você pode pra sempre descansar
Sua resposta ainda estou a esperar
Ponha nesta tão sofrida vida um fim.

Aí respondeu: - Desse céu quem não gosta?
Todos querem ir morar com o Senhor...
Sabe anjo, qual é a minha resposta?

E completou: - Pela vida eu sou louco!
Não, não me leve agora anjo, por favor...
Deixa qu'eu fique aqui só mais um pouco!

08/11/2015 - DILSON/SPVA/NATAL/RN.
DILSON POETA

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Empossada nova diretoria do Instituto Histórico.

QUARTA-FEIRA, 11 DE NOVEMBRO DE 2015

OS NOVOS DIRIGENTES DO IHGRN




Durante o período das 9h às 16h de ontem, ininterruptamente, o INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE, em sua velha sede da Rua da
Conceição, 622, Cidade Alta recebeu os seus associados para a escolha dos novos dirigentes para o triênio 2016-2019 em eleição direta e secreta, em mais um momento histórico para a Casa da Memória, em ambiente de total cordialidade.
Com resultado da vitória da "Chapa Consolidação" liderada pelo sócio ORMUZ BARBALHO SIMONETTI, que se comprometeu a dar continuidade à excelente gestão do escritor VALÉRIO ALFREDO MESQUITA, que declinou em se candidatar à reeleição, temos a certeza de que os objetivos do atual Presidente serão alcançados.

O Presidente VALÉRIO depositando o seu voto
Flagrante da votação
Presença do Presidente Vitalício Jurandyr Navarro, Presidente
da Comissão Eleitoral juntamente com Carlos Gomes e Jansen Leiros
O novo Presidente Ormuz, no momento da votação

Fonte: cmirandagomes.blogspot.com

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

CENTENÁRIO DE DJALMA MARANHÃO.

O Presidente da UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORERS – UBE/RN, escritor Roberto Lima de Souzaconvida Vossa Excelência/Vossa Senhoria para às comemorações  do CENTENÁRIO DE DJALMA MARANHÃO.
19h30 – Abertura Solene onde serão homenageados 09  poetas populares, 03 Sócios da primeira fase (1959),   entrega do título de Sócio Honorário ao Prefeito Djalma Maranhão (in memoriam) e  posse de novos sócios efetivos.
Tomarão posse na União Brasileira de Escritores- UBE/RN os confrades e as confreiras a seguir relacionados na classe:

Sócios Precursores - 03
Afonso Laurentino –   Paulo Macedo -  Sanderson Negreirosl
Sócio Honorário
Djalma Maranhão - 01
 Sócios Efetivos - 06
Eulalia Duarte Barros – Ion de Andrade – José Ivam Pinheiro  - Luiz Gonzaga Cortez Gomes de Melo –José Wilington Germano - Rinaldo Claudine Barros
Poetas Populares Homenageados - 09
Antônio  Francisco, Bob Motta, Crispiniano Neto, Clotilde Santa Cruz Tavares, Eliseu Ventania, José Acaci, Paulo Varela, Rosa Regis, Francisco Martins 
20h 30 às 21h45  –  O Legado de Djalma Maranhão para a Cultura Popular   ( Paulo de Tarso Correia de Melo, José Willington Germano e Roberto Monte)
Moderador: Severino Vicente
21h45 às 22hh – Encerramento pelo presidente da UBE-RN Roberto Lima de Souza que executará canção dedicada ao prefeito Djalma Maranhão
Data: 11.11.2015 (quarta-feira)
Hora: 19h30
Local: Instituto Histórico e Geográfico RN sito à Rua da Conceição,622 - Cidade Alta–CEP 59025-270- Fone: 3232- 9728
APOIO CULTURAL:  Academia Norte-Rio-Grandense de Letras – ANL  - Academia Norte-Rio-Grandense de Literatura do Cordel – ALINC  -  Instituto Histórico e Geográfico do RN


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Poeta natalense é destaque em revista da Paraíba.

Carlos Alberto Jales Costa, nascido em Natal e professor na Universidade Federal da Paraíba, é destaque da edição de outubro/15, da revista Correio das Letras, de João Pessoa. Curtam seus poemas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Soneto do poeta Dilson Ferreira.

"en besos, cariños, caricias tan cardientes
 mientras el amor total se realiza plenamente
 presente y pasado
 se mezclan
 sólo hay eterno momento"
(JANIA SOUZA - SPVA/RN)

SONETO DO ETERNAL MOMENTO!

As tuas mãos ávidas passeando em mim
Correndo-me o peito até o dedão dos pés
Em carícias, em êxtases, em cafunés,
Tudo ao amor: esse determinado fim.

Em réplica, minhas mãos no teu corpo assim
Mostrando que para mim maravilhosa és
Ao beijar-te dos seios às solas dos pés
Desarrumando os macios lençóis de cetim.

Claro que nosso amor pro ápice foi feito
Aonde aceitas que eu faça do meu jeito
Pra que haja orgasmos no relacionamento.

E depois quando no rosto me acarinhas
Tuas mãos saciadas juntam-se as minhas
Agradecidas pelo eternal momento.

16/09/2014 - D I L S O N - NATAL/RN.
SPVA
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domingo, 18 de outubro de 2015



18/10/2015
Método Paulo Freire – 30 anos da campanha de alfabetização de adultos de Angicos/Rn.                                                                      
1962-1992 – Série de Reportagens do jornalista Luiz Gonzaga Cortez – Prêmio jornalista Raimundo Ubirajara de Macedo – 1993.
A primeira matéria da série de reportagens foi publicada no Caderno “DN Educação”, do Diário de Natal, Ano I, número 002, em 16 de setembro de 1992,  sob o título “ Igreja recusa apoiar método Paulo Freire”.
                                                                         
                                Há trinta anos, desenvolveu-se no centro geodésico do Estado do Rio Grande do Norte, em Angicos, a campanha de alfabetização em massa de adolescentes e adultos, de 14 a 70 anos de idade, da América Latina. Foi a aplicação do chamado “Método Paulo Freire” de Alfabetização de Adolescentes e Adultos que, em 40 horas/aulas, alfabetizou centenas de criaturas que tinham “fome da cabeça”, graças ao inédito sistema pedagógico que alfabetizava e conscientizava politicamente.
                               O método era diferente, até então, dos já aplicados pela educação tradicional. Não havia livros nem cartilhas, mas uma série de palavras geradoras. Não havia professor. O coordenador era quem ensinava. Classe? Não existia. Os alunos eram reunidos em “círculos de cultura”. E os locais?  Eram colégios, salões ou locais suntuosos ou não? A resposta também é não.
                               As “turmas” de adolescentes e adultos, os círculos de cultura, reuniam-se em qualquer local – debaixo de uma mangueira, na cela de uma cadeia pública, no armazém da fazenda, no alpendre de uma casa do sítio do pequeno lavrador, numa escola abandonada, sem luz elétrica, água encanada e as tradicionais instalações escolares.
                               As aulas eram ministradas à noite, depois do término da labuta diária dos alunos, de ambos os sexos, com os mínimos  meios que dispusessem. As primeiras turmas contavam com rapazes, moças, velhos, homens e mulheres calejados pelo trabalho pesado na agricultura, na marcenaria e construção civil etc. Eram jovens e velhos operários e camponeses de uma terra calcinada e abandonada pelos poderes públicos.
                               Planejada em 1962 e iniciada em 18 de janeiro de 1963, os participantes da “Experiência de Angicos”, executada pelo Serviço Cooperativo de Educação, da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do RN – SECERN, através do Setor de Alfabetização de Adultos, viveram momentos fantásticos e inusitados em Angicos – viram mudo falar, viram crianças de 5 anos se alfabetizar sem ser alunas e o povo pensar que o Presidente da República ainda era Getúlio Vargas.
Para que 21 estudantes universitários  e secundaristas saíssem de Natal para levar os desenhos, fichas, cartilhas, projetores de eslaides, lâmpadas a querosene, baterias e outros materiais  didáticos, de acordo com a realidade sociológica e o universo vocabular  do município de Angicos, (80% da população vivia na zona rural) foi necessário o “estalo” na cabeça do jornalista Francisco Calazans Fernandes, natural de Marcelino Vieira – RN, jovem secretário de Educação e Cultura do Governador Aluizio Alves. Calazans queria fazer algo novo e revolucionário na administração de Aluízio, um político conservador, egresso da velha UDN, mas que se revelou, mais tarde, como o governante mais modernizador e desenvolvimentista da história do Rio Grande do Norte.
Ex-correspondente  internacional do “Jornal do Brasil” e redator de revistas americanas, como a “Time”, Calazans Fernandes, após o projeto piloto de Angicos, pretendia alfabetizar 100 mil norte-rio-grandenses, no prazo de 3anos, com a ajuda financeira do Governo do Estado, do MEC, Aliança Para o Progresso – USAID. Foram os dólares norte-americanos que financiaram a experiência das 40 horas de Angicos, sem provocar nenhuma deturpação no método criado pelo professor pernambucano Paulo Freire, da Universidade do Recife, que tinha feito uma experiência de laboratório, no Centro de Cultura Dona Olegarina, com cinco analfabetos.
Foi Calazans quem propiciou a retirada a retirada do método do laboratório para testá-lo no campo, no meio rural e  urbano da terra natal do governador do Estado. O Brasil, com o Presidente João Goulart, vivia um clima de muita liberdade e efervescência política. A América Latina era um barril de pólvora. A SUDENE dava os primeiros passos em prol do desenvolvimento do Nordeste, região na qual discutia-se intensamente como implantar e desenvolver um método de alfabetização de adultos, em escala massiva.
A opinião pública brasileira discutia o programa de Reformas de Base do Presidente João Goulart. Falava-se da necessidade de habilitar maior quantidade possível de pessoas a participar da discussão da reforma agrária, por exemplo, relembra Calazans Fernandes, que veio a ser o auxiliar de Aluízio Alves após um encontro casual num aeroporto do Rio de Janeiro.
Noutro encontro casual, com um engenheiro francês, na casa de Aluízio, em Natal, Calazans conheceu um equipamento do tipo de projetor de eslaides, formato de televisor, que projetava numa tela as imagens introjetadas  no aparelho. O projetor já estava sendo usado por um educador francês no Norte da Àfrica, com tribos do Senegal com bons resultados. “Eu imaginei que aquele equipamento pudesse ser uma boa arma de trabalho para  alfabetização de adultos. Fui à Embaixada Francesa tentar conseguir esse aparelho, mas não consegui. Mas concluí  que poderia fazer aquilo com monitores de áudio e vídeo. Nos defrontamos com grandes dificuldades para conseguir os aparelhos e os recursos. Tudo tinha que ter um custo/beneficio  baixo com resultados compensadores e um prazo relativamente curto porque as mudanças tinham que acontecer mais ou menos no curto prazo, pois, a partir de uma reunião em Bogotá, os ministros da educação da América Latina, discutiram a necessidade de uma revolução na educação. Evidentemente, que essas propostas eram interpretadas como preparação de de uma revolução social na América Latina”, disse Calazans Fernandes.
E nesse contexto de como fazer uma revolução social e educacional, Calazans Fernandes recebeu a dica do seu amigo Odilon Ribeiro Coutinho para procurar um obscuro professor que estava fazendo uma experiência com empregadas domésticas no subúrbio de Imbiribeira, Recife. Era Paulo Freire, do Serviço de Extenção Cultural da Universidade do Recife.
--Odilon era compadre de Paulo Freire, mas foi preciso muita conversa para convencer Paulo a se dispor a colaborar com um projeto no Rio Grande do Norte. Nessa altura, em 1962, quando nós tínhamos um esboço do projeto, chegamos a conclusão de que a metodologia de Paulo Freire era a oportunidade  adequada para o que se ia fazer e aí, antevendo dificuldades com o Governo do Estado, por causa da situação de confronto predominante na época, escolhemos o município de Angicos, por ser o centro geodésico do Estado, o lugar mais quente do RN, onde as coisas são difíceis e por ser a terra do governador. Eu pensei: se lá der certo, dará certo no resto do Estado e do País. Até então, eu dispunha  de uma ideia na cabeça, uma vontade de fazer e um professor em Recife chamado Paulo Freire, que ainda não havia assumido nenhum compromisso conosco.
, através do diálogo entre o transmissor ( o monitor) e o receptor (aluno) do Método Paulo Freire.
Quando nos convencemos que o método funcionaria, procuramos conversar com Dom Eugênio Sales, que  coordenava o Serviço de Assistência Rural-SAR, da Arquidiocese de Natal. Dom Eugênio não queria uma composição conosco. Queria trabalhar independentemente, não queria compromissos com o Governo do Estado. Procuramos Djalma Maranhão, que se mostrou muito simpático, mas já desenvolvia a sua campanha “De pé no chão” e também não quis se comprometer com a gente. Nessa altura, funcionava na Secretaria de Educação uma estrutura mole, ágil, eficiente e rápida: Serviço Cooperativo de Educação do RN – Secern. Foi o que executou tudo, os projetos aprovados com recursos que vinham do Banco Interamericano de Desenvolvimento-BIRD, da USAID e da Aliança para o Progresso, do Governo dos Estados Unidos. Djalma Maranhão não ajudou. A gente porque envolvia a Aliança. Paulo Freire  também ficou hesitante mas acabou vindo, foi pago com dinheiro da Aliança pela assistência que deu ao Rio Grande do Norte”, aduziu Calazans Fernandes, acrescentando, ainda, que o método Paulo Freire permanece atual, viável e revolucionário.
AULAS CONSIDERAVAM
UNIVERSO VOCABULAR

A primeirab etapa para a aplicação do Método Paulo Freire, em Angicos, foi uma pesquisa que revelou o universo vocabular (de onde se obteve as palavras chaves, chamadas geradoras, usadas na alfabetização de adultos) e a realidade sócio-econômica. As aulas foram ministradas com as palavras geradoras, palavras que eram pronunciadas pelos angicano. Por exemplo: Belota foi a primeira palavra geradora da primeira ficha que o Coordenador monitor usou na primeira aula, realizada depois da aplicação do Teste de Inteligência Não Verbal, de Pierre Giles Weil.
Os coordenadores usaram métodos modernos em matéria de pedagogia e didática, dispositivos “slides”, cartazes em “silke-scream”, álbuns seriados, etc. Os estudantes-voluntários, antes de irem para Angicos, participaram de um curso, no qual Paulon Freire falou sobre “Atualidade Brasileira: uma sociedade em trânsito”, na Faculdade de Direito, onde Marcos Guerra gozava de liderança. Participaram da Experiência de Angicos os estudantes Carlos A. Lyra Martins,  Dilma Ferreira Lima, Edilson Dias de Araújo, Giselda Gomes Salles, José Ribamar de Aguiar, Lenira Leite, Marcos José de Castro Guerra, Margarida (Margot) Magalhães, Pedro Neves Cavalcanti, Rosali Liberato, Talvani Guedes da Fonseca, Valdinece Correia Lima, Walkíria Félix da Silva, Marlene Vasconcelos, Maria do Socorro Correia Lima, Maria Madalena Freire, Evanuel Elídio da Silva, Maria Laly Carneiro, Geniberto de Paiva Campos,  Maria José Monteiro e Ilma Melo.

Na próxima matéria, contaremos como esses jovens deram as primeiras aulas em Angicos, empregando a palavra Belota, penduricalho de rede de dormir e de arreios de selas de jumentos e como se processava a transmissão de conhecimentos.