Vamos catar coquinhos

Em por François Silvestre
Atualizado em 12 de março às 10:16


Deu na BBC, Brasil, Primeira Página.
“É claro que nós sabemos a diferença entre Engels e Hegel. Numa peça de 200 laudas, falando de crimes essenciais, vão preferir ficar discutindo a filosofia?”
Quem pergunta é o promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, um dos responsáveis pelo pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula, nesta quinta-feira. Ele se refere à confusão, feita no pedido encaminhado ao tribunal, entre Friedrich Engels, coautor do Manifesto Comunista junto a Karl Marx, e Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo morto em 1831, 17 anos antes da publicação do Manifesto.
“Vão caçar o que fazer. Vão catar coquinho”, continua o promotor estadual, questionado pela BBC Brasil sobre a repercussão em torno do erro presente na peça. “Isso é uma tolice, é um erro material que já foi verificado e será retificado. Tudo continua como está, não há qualquer gravidade nisso.”

Do Blog: Primeiro, prefiro discutir filosofia do que levar a sério estultices forenses. Segundo, de minha parte eu topo ir catar coquinhos, desde que os ilustrados promotores vão catar livrinhos.




Reflexão

Em por François Silvestre
Atualizado em 11 de março às 14:38


De Friedrich Nietzsche:
“Mudei-me da casa dos eruditos e bati a porta ao sair. Por muito tempo, a minha alma assentou-se faminta à sua mesa. Não sou como eles, treinados a buscar o conhecimento como especialistas em rachar fios de cabelo ao meio. Amo a liberdade. Amo o ar sobre a terra fresca. É melhor dormir em meios às vacas, que em meio às suas etiquetas e respeitabilidades”.




Ignorância filosófica

Em por François Silvestre
Atualizado em 11 de março às 15:00


Torço para que os senhores três promotores de São Paulo, que tentaram justificar o pedido de prisão de Lula, sem condenação judicial, sejam bons estudiosos de Direito. E se o forem, que se limitem a tecer argumentos jurídicos. Pois demonstraram publicamente ignorância filosófica, ao sair dos limites didáticos de suas funções, para falar besteira sob o manto esfarrapado da erudição filosófica. Confundiram Hegel com Engels, pois Hegel nunca foi companheiro de Marx, que de Hegel foi discípulo. E usaram argumentos com opiniões de Nietzsche sobre o que o filósofo alemão dizia exatamente o oposto do que lhe foi atribuído como fundamento da argumentação enviesada. Vão estudar, camaradas! Que o país enlameado de corrupção não precisa de heróis ignorantes.




Metástase

Em por François Silvestre
Atualizado em 11 de março às 11:30


Laurence Nóbrega disse uma frase que merece repetição. “Já houve câncer em vários momentos da República. Agora, deu metástase”. É isso mesmo. Há células doentes nas favelas e nos shoppings, nos parlamentos e nos fóruns, nos palácios e nas taperas. A organização sócio-econômica dos últimos governos edificou uma pirâmide com a esmola na sustentação da base e a corrupção no acabamento do vértice.




O Alienista

Em por François Silvestre
Atualizado em 11 de março às 11:20


O Brasil tá ficando muito parecido com a Casa Verde, nosocômio do Dr. Simão Bacamarte, onde ele internou quase toda a população de Itaguaí. Tudo era motivo para o internamento. Se um agiota dispensava uma dívida, pronto; era doido. Tinha de ser internado. Hoje, a Casa Verde é o manicômio verde-amarelo, onde todos são delinquentes até que se prove o contrário. Mas terá de ser preso para poder provar ao Dr. Bacamarte que vai curar-se ou corrigir-se. Fico imaginando se fossem vivos Machado de Assis, Aparício Torelly, Millor Fernandes, Stanislaw Ponte Preta. Tanta matéria prima de humor sobrando e tão pouco talento humorístico para aproveitar.




Farofada jurídico-midiática

Em por François Silvestre
Atualizado em 11 de março às 09:22


A ex-Prefeita Micarla de Souza foi absolvida na principal Ação de Improbidade movida contra ela. Quem vai reparar o estrago feito à sua honra pelo estardalhaço midiático que atingiu a ela e filhos, os quais nem podiam frequentar a escola? Fosse tudo processado nas fronteiras do fórum, sem condenação prévia, sem ganância por holofotes e sem a farofada hipócrita da mídia, a dignidade das pessoas, direito constitucional, não sofreria esse vexame. Agora fica a cara de tacho da hipocrisia fazendo de conta que “nem é com eles”. Nesse momento, os senhores promotores adoram os recursos. Quando há condenação, o recurso é considerado uma protelação espúria. Ô raça!




Frases

Em por François Silvestre
Atualizado em 9 de março às 08:34


De Aparício Torelly, o Barão de Itararé.
“Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato”.
“O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro”.
“A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana”.
“O fígado faz muito mal à bebida”.




A emenda e o soneto

Em por François Silvestre
Atualizado em 8 de março às 08:43


Da nota do Dr. Crispiniano Neto:
Ao retirar as palavras inadequadas e desagradáveis a quem se sentiu ofendido, considero encerrado o assunto.
Saudações democráticas a todos
Crispiniano Neto”.

Soneto é uma forma de poesia. Crispiniano é poeta. Quando se emenda o soneto, a forma se deforma. Ao tentar o remendo do que ele mesmo considera “tom acima do normal”, o poeta remendou mal. “A quem se sentiu ofendido”? Ora, a liberdade de imprensa foi ofendida. A democracia foi ofendida. A paz pública foi ofendida. O governo, do qual o poeta faz parte, sentiu-se ofendido, pois desautorizou a bravata inoportuna. Depois, não é o autor do ato quem decide encerrar o assunto. Quem decide isso é a sociedade. Ou “quem se sentiu ofendido”, como ele mesmo diz. Poesia e arrogância não combinam.




Mal absoluto

Em por François Silvestre
Atualizado em 8 de março às 08:45


Na imprensa o único mal absoluto é a censura. Os outros males são relativos. Da mesma forma que o agredido pode rebelar-se e devolver a ofensa. Ou cobrar reparação. Não pode é censurá-la ou impedir seu exercício. Sob qualquer pretexto. Acusá-la, desmenti-la e denunciá-la pode.




Maxixe quente

Em por François Silvestre
Atualizado em 7 de março às 18:58


É a iguaria oferecida ao Governador Robinson Faria para degustar no banquete já bastante tumultuado. Trata-se do pedido de providências do Procurador Geral de Justiça, a quem o Governador já fez declarações públicas de imedível afeição e crédito, sobre declarações inconvenientes do seu auxiliar Crispiniano Neto, incitando a militância petista à violência física. O procurador Rinaldo Reis pede providências, sob alegação de ilícito penal nas declarações do auxiliar do Governo. Esfriar esse maxixe vai requerer jogo de cintura.